Wednesday 4 March 2009

A Confirmação


Desta vez, resolvi falar-vos num post mais intimo, mais pessoal.
Tenho 27 anos e estou integrado numa comunidade religiosa, sou dirigente de um movimento católico com a responsabilidade de ser exemplo aos mais jovens, de ser também testemunho de fé, orientando o próximo da melhor forma que posso.
Aos 12 anos, deixei o catecismo. Lembro-me que foi uma opção ponderada (se houve consciência pode ser perfeitamente discutível) mas senti que nunca abandonei o sentido de Deus pai e Jesus amigo, simplesmente achava que a instituição Igreja era demais, e que no fundo achava (por desconhecimento) que era desnecessária para a minha relação com Deus.
Com este post vou falar da minha caminhada de fé e termino, relatando o que vivi e senti neste passado fim-de-semana - a preparação para o Crisma,



Como disse aos doze anos marquei a minha fé religiosa, abandonando a catequese, um dos vários veículos da descoberta pessoal de Deus.
Esse ano foi de reviravolta, pois deixei de ter contacto com ritos , com a alimentação da Palavra, mas sem nunca abandonar a minha fé.
Entretanto, no ano seguinte entrei para o CNE, que para quem não sabe é um dos movimentos escutistas (ou escotistas, como preferirem) que incutem uma vivência de fé católica aos seus associados.
A partir dessa altura, através do regresso à vida em comunidade cristã, desenvolvi a minha relação com Deus com base da experiência escutista : sentido de fraternidade, serviço e vida ao ar livre. Até que aos 22 anos, questionaram-me se eu queria ser dirigente do CNE... lembro-me tão bem desse momento, de como a minha mente viajou à velocidade da luz, recapitulando toda a minha vida e analisando a minha pessoa como animador de jovens. "Serei verdadeiramente exemplo?","Estou sintonizado com a minha fé sentida e com a fé à qual eu dou a conhecer aos meus jovens?" A minha resposta foi um rápido "sim" com bastante certeza, não que fosse resposta às questões anteriores, mas como uma afirmação desafiante, de querer ser melhor, de querer descobrir mais para além do que sentia e de encontrar um ponto de equilíbrio entre as coisas "visíveis e invisíveis" ou como quem diz, das coisas "compreendidas e incompreendidas" por mim.
Confesso que desde então, esse desafio esteve em "banho-maria" até que no passado Setembro, chegou a notícia da chegada de um novo prior à paróquia, o que fez realmente fazer um ponto de situação da minha pessoa, não só como dirigente mas também como cristão "Que animador sou eu?","Serei hipócrita de chegar ao ponto estar a encaminhar jovens a ritos que não sei bem o que significam?" pela primeira vez da minha vida, senti-me verdadeiramente incompleto, com uma necessidade extrema de sentir, de descobrir, de compreender a fé que eu desenvolvi até então. A minha fé cristã estaria correcta?
Nessa altura surgiu a oportunidade de fazer o Crisma, preparando-me no CUPAV -Centro Universitário Padre António Vieira- na companhia de "iguais" ou como quem diz, crismandos com mais ou menos a minha idade, pessoas que fizeram um exame de consciência e queriam estar definidas como cristãos.
O primeiro dia (sexta-feira, 27 de Fevereiro)encaro-me com mais 68 pessoas num salão. Devo dizer-lhes que o ambiente de interrogação sentia-se fortemente naquele momento... Mas uma interrogação saudável, sem o típico receio do desconhecido.
1º tema , Crescer na fé. O que é a fé? 2º tema "Formas de Cristo - Chamar..." Espreitem aqui do que se trata.
Devo dizer-lhe que foi um excelente pontapé de saída para um fim-de-semana muito marcante, em que foi oportunidade de extrema "arrumação" de ideias numa forma livre, acompanhada e não imposta. Creio que hoje em dia os jovens afastam-se da fé cristã, como resposta a uma certa imposição ou sentido de prisão que alguns padres comunicam à comunidade... e a fé não é uma prisão, é algo que se sente que nos torna amigo de Jesus e filho de Deus numa liberdade pura. Que nos liga a Deus com laços fortes mas não tensas.
Não vou entrar em pormenor em relatar esta preparação...Não me faz sentido descreve-lo passo a passo... porque é uma caminhada pessoal e que é sentida por todos nós numa maneira diferente. Mas devo dizer-vos que pode ser uma fase bastante dura psicologicamente, e tive a sorte de estar acompanhado por 4 pessoas (sem querer desvalorizar o Padre Luís e o João Delicado e os outros crismandos) Essas pessoas são: a Filipa, João, Brigola (vejam a foto) e a Susana.

A Filipa, João e o Brigola são meus parceiros no meu agrupamento que também são crismandos, é óptimo sentir que estamos fisicamente acompanhados para que a partilha de sentimentos seja mais simples e que flua mais livremente. Cada um destes meus companheiros transmite-me algo diferente... mas certamente digo sem qualquer dúvida que desta experiência nos tornamos ainda mais ligados. Obrigado por fazerem-me sentir verdadeiramente bem convosco e confiarem-me como um companheiro desta viajem comum com Deus. Orgulho-me de vocês!
A outra pessoa, a Susana, é diferente...não pela ligação intima que tenho com ela, mas que demonstrou-me que quer estar ao meu lado... Pôs de parte o seu agnosticismo convicto, para que me pudesse compreender e a apoiar-me de verdade neste meu momento de vida, que foi bastante estafante e pesado, mas que no final tornou-se uma fase da minha vida que nunca esquecerei!


No comments: