Thursday 20 December 2007

Acantonamento de Natal

Já há muito que não escrevia para o Covil... Pois bem, aqui vou eu dar as últimas notícias da minha vida mui activa (cof cof).

Como é costume nesta altura do ano, o agrupamento organiza uma festa de Natal. Neste ano, resolvemos ir para fora de portas, para uma quinta chamada Monte dos Condes, em Benavente.
A nível de transportes, a deslocação é um pouco complicado podendo ficar dispendioso, especialmente para um agrupamento que não ocupa uma pequena camioneta de aluguer... enfim tirando este pormenor, é um local bastante bom para actividades escutistas como por exemplo orientação, pioneirismo e até cozinha selvagem pois é permitido fazer fogueiras (já está a ser uma raridade)

Pois bem, voltando ao relato... Assim que chegámos ao Monte dos Condes, fomos recebidos pelo dono do campo Pedro Pinto, que tratou de aproveitar, no meio das "boas-vindas", deixar alguns avisos sobre as regras do alojamento. O Pedro informou-nos também que iamos ter como vizinhos, os exploradores de Moscavide, os pioneiros da Encarnação e os lobitos-marítimos de Belém.
Em seguida transportámos todas as nossas tralhas para o local onde íamos pernoitar. Um enorme pavilhão com (talvez) uma boa centena de metro-quadrados, providenciado com duas lareiras à entrada.
O tempo estava com céu aberto e a temperatura amena mas esperávamos uma noite fria. Nesta altura já há muitos dias que não chovia, e o Monte dos Condes tem fama de ser uma local gélido.
Mas assim que chegámos, não estávamos só preocupados com a noite, mas sim com a nossa alimentação. Já era quase 12h e para nós que última refeição tinha sido há 5h atrás, o "bichinho" já roía bem na nossa barriga.
Como bom agrupamento que somos, resolvemos dividir tarefas. Os pioneiros e caminheiros trataram de arranjar lenha para as lareiras e os exploradores ficaram encarregues de compor o pavilhão como local de alimentação, para isso tivemos que deslocar 3 mesas e 6 bancos corridos... Devo dizer, que foi doloroso, porque cada vez que levávamos uma mesa ou um banco... e cada vez que pensávamos que este trabalho era para começarmos a comer, parecia que a fome aumentava cada vez mais. AHHH! mas como podia esquecer?! As laranjas! Na quinta , havia umas laranjeiras, já com fruto bem maduro... e maravilha das maravilhas,tínhamos para autorização para, como popularmente se diz, irmos à chinchada! Houve quem aproventasse esta ocasião de levar uma boa dúzia de laranjas para a "famelga".

Mas continuando... Já eram 12h30, altura do nosso típico almoço frio (para quem não sabe, é a uma refeição que se traz de casa... pode ser as habituais sandes mistas ou então uns rissóis, croquetes, enfim ao agrado de cada um). Acabado esta refeição, era altura de nos mexermos.

O primeiro jogo do dia, foi o jogo do C.A.M.P.O. A ideia é, as patrulhas,num determinado espaço de tempo, avistarem o maior número de objectos cujo nome comece por umas das letras do CAMPO. É um autêntico "enche-chouriços" mas necessário para dar tempo para que eu pudesse montar o jogo seguinte. Era um jogo de pistas com mensagens, sobre provas de adesão (são tarefas sobre temas que devem ser conhecidas para quem entra para os escuteiros).
Este jogo de pista foi pensada pelos nossos guias de patrulha, para também eles se sentirem que eles têm o papel de ajudarem os chefes a preparem as actividades. Eles até nomearam este jogo como "2000 metros" e deram uma regra - tinha que ser percorrida em passo de escuta (+- 20 passos a andar e 20 passos a correr, alternadamente) .

Enquanto esperávamos que esta "maratona", eu e a Patrícia estávamos a ver o André e a Catarina, a nossa caminheira de serviço, a prepararem os seus utensílios de cozinha (umas espetadas de madeira) e a fazerem a massa para o pão, diria antes.. a esmurrarem a massa :P Se calhar é melhor explicar que a IV secção, aproveitou o local para fazer cozinha selvagem e a ementa para o jantar, era pão e umas espetadas sortidas. e como sobremesa... maça ranheta bem derretida pelo calor das brasas (BEM SABOROSA!).

Passado um bom bocado...apareceram os meus miúdos, nada cansados apesar de supostamente terem feito um percurso em passo de escuta (dá para duvidar...). O evento seguinte era um atelier de pioneirismo realizado pelos guias, para ensinarem nós aos mais novos... e assim foi... Não foi um atelier muito brilhante para foi um bom começo!
O produto final deste atelier foi fazer um estábulo para o nosso pequeno presépio de agrupamento.

Jantar...Como costume, em acampamentos não preciso de relógio para "adivinhar" a altura da refeição. O jantar foi Bacalhau à Brás, uma das refeições típicas do 848, às quais somos especialistas, pois Bacalhau à Brás e Esparguete à Bolognesa são pratos que estão SEMPRE na ementa de um acampamento.
Depois de um pequeno contratempo acerca dos ovos... lá jantámos e ganhámos coragem para ir lavar a nossa loiça... coragem quase heróica, pois o frio já se estava a instalar na noite. De tal forma que o fecho das janelas tornou-se um objectivo a cumpri antes do inicio da festa de Natal. Escrito assim pode parecer que este simples "fechar as janelas" foi uma enorme carga de trabalho...pois bem, nem sempre as aparências iludem! Foi realmente difícil, porque estas janelas não tinham portas, e situavam-se numa altura razoável. Foi preciso muito engenho e uma ginástica adicional para poder tornar o ambiente um pouco acolhedor. Utilizou-se panos para poder tapar a passagem de ar que as janelas proporcionavam... Não deu para tapar totalmente mas depois do trabalho dado, demo-nos como suficientemente satisfeitos.

Finalmente a festa iniciou-se. A festa foi num ambiente de Fogo de Conselho (para quem não é escuteiro, este Fogo de Conselho é talvez o evento mais importante numa actividade escutista. É sempre na última noite de actividade e é quando nos reunimos para fazermos encenações, para cantar e para reflectir os dias passados) Para os mais velhos, este Fogo de Conselho foi um pouco nostalogico, porque infelizmente, nestes dias que correm o Fogo de Conselho não faz jus ao seu nome, o fogo é substituído por um candeeiro... e naquele momento foi bom voltarmos a sentir o calor das chamas. a aquecer a nossa festa de Natal.
Creio que este pequeno grande pormenor ajudou com que este acantonamento fosse, para mim um dos melhores acantonamentos que participei...

A dinâmica da festa foi:
Durante a noite, jogou-se um jogo que misturava o Pictionary, com peças e cantigas. À vez, cada patrulha ou equipa representava ou retirava um pequeno papel com a letra de uma canção ou uma palavra para o Pictionary. Foram momentos de grande alegria, diversão e recordação de músicas como Homem do Leme, O Anzol ; Não Há Estrelas No Céu e outros.
Para finalizar a festa , houve a habitual troca de prendas... Nos rostos dos miúdos havia desilusão ou espanto pela prenda recebida, mas é como se costuma dizer... o que conta é a intenção! Este ano tive a sorte de receber um afia-lápis, pode parecer ridículo mas realmente estava mesmo a precisar de um afia, por isso dei-me como satisfeito.

Com o frio que estava, o tempo que demoramos a enfiar-nos no saco-cama foi incrivelmente rápido. Senti um agradável cansaço, sentimento criado pelo dia que passou... um dia realmente especial.

Para quem me conhece, o meu estado de espírito matinal é bastante agressivo e mau-humorado, especialmente quando sou acordado. Detesto que me acordam! Mas também tenho que ser acordado... senão a minha alvorada seria até altas horas.
Fui acordado com um pontapé, por alguém que provavelmente conhece o meu humor matinal, pois quando fui ver quem foi.. essa pessoa desapareceu.

Era domingo. dia de irmos à missa. A igreja ficava a cerca de 3 km do Monte dos Condes, por isso despachamos-nos com o pequeno-almoço, higiene e muda de roupa para que estivéssemos pronto a tempo e horas.
Estava uma agradável manhã, por isso não foi uma caminhada difícil, chegámos cedo ao local religioso e esperámos pelas 12h, hora do início da missa.
Era uma igreja pequena, mesma típica das vilas e das pequenas cidades portuguesas. Tinha um bonito altar que nos alegra o olhar, e por causa da pequena estatura desta igreja, havia um ambiente acolhedor que tornava esta reunião mais afável.
O contingente escutista estava representado pelo 848, pelos lobitos-marítimos de Belém e exploradores de Moscavide.

Tempo de regressar a campo e rápido!!! já era tarde e nós ainda tínhamos que preparar o almoço. Resolvi pôr os exploradores a fazer passo de escuta, GRANDE ERRO! Eles não ainda sabem andar em patrulha, quanto mais andarem em patrulha e em passo de escuta... Resultado: os mais pequenos ficaram para trás, longe da patrulha... Mas já está anotado como futuro objectivo.

O dia de domingo foi bastante rápido... depois de fazermos jus à nossa grande máxima de "deixar o local melhor do que encontrámos" a camioneta esperava por nós. Acomodamos a nossa bagagem, ocupámos os nossos lugares e partirmos em direcção à sede... Certamente com um sentimento comum de que valeu a pena passarmos este fim-de-semana gélido mas juntos com os nossos irmãos escutas , com a nossa família que é o 848...!
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