Friday 5 August 2011

O Palestiano

Neste momento, o livro que ocupa a minha cabeceira é “O Palestiano” de Antonio Salas, um jornalista freelancer espanhol que arrisca a própria vida com infiltrações em organizações ilegais e imorais e documenta o que vive nessas infiltrações em forma de livros e artigos. Já publicou o “Diário de um Skin” e “Um Ano no Tráfico de Mulheres”.


Nesta última obra, Salas ultrapassou claramente a ousadia e roçou a linha da loucura em envolver-se em ambientes tão agressivos, para não falar na grande exigência pessoal que a infiltração iria influenciar-lhe pessoalmente, como pôr exemplo adoptar, ainda que para efeitos de disfarce, um modo de vida de uma outra cultura habituando-se ao dia-a-dia de um muçulmano típico, que como todos nós sabemos, rege-se muito pela charia.

Salas tem consciência da ousadia que toma (não é totalmente louco...!). Todos nós somos informados quase diariamente de atentados bombistas, de declarações de ódio por parte de uns homens claramente muçulmanos que incute a todos nós um conhecimento apurado com receio em relação a determinadas organizações como o Hamas, e o Al Qaeda... Contudo Salas acabou quase de início da sua jornada, admitir que o receio que tinha era preconceituoso. Não vou escrever as inúmeras vivências que o Salas relatou no seu livro de seiscentas páginas mas por exemplo, EUA e Israel apavoraram o mundo informando que Al Qaeda tinha um campo de treino na Ilha Margarita...! Ao fim ao cabo esse “campo de treinos” não era mais do que, um campo de caça de caçadores de coelhos... que a única “maldade” era terem que matar coelhos para sobreviverem monetariamente – é quase comédia, uma triste comédia.

À parte de todas as aventuras e relatos vividos pelo Salas (que podem ser bastante reveladores da nosso preconceito ocidental, fomentado por contra-informação) existe uma questão fulcral. Qual a definição de TERRORISMO? Realmente não existe uma definição que nos permita considerar alguém ou alguma organização como terrorista, nem se pode creditar as palavras do George W. Bush quando lhe perguntaram o que era o terrorismo...porque a própria inteligência deste homem é duvidável. Para mim e creio que para a grande maioria da Humanidade, só o facto de se matar alguém já é deplorável, quanto mais alguém com capacidade de massacrar massivamente inocentes! Mas certo é que quando ouvimos a palavra terrorismo, associamos quase imediatamente aos islamistas. Primeiro, por si só já é um estereotipo francamente mau. “Islão não é terrorismo nem o terrorismo é o Islão”, Os atentados bombistas são executados por fundamentalistas que existem em TODAS AS RELIGIÕES!

Os atentados bombistas dos “guerreiros do Islão” são injustificáveis mas já não consigo também deixar de repudiar o outro lado da barricada... O povo israelita é uma das mais abastadas nações que devido à aliança que tem com os Estados Unidos, usufrui de um enorme arsenal bélico , inclusivé é claramente umas das melhores forças militar aéreas do mundo, mas no entanto, utilizam esse armamento muito frequentemente sobre homens armados com pedras! Destroçam os lares de humildes famílias, fazem homicídios selectivos destruindo a vida de crianças que subitamente ficam sozinhas no mundo... isso não será também “terrorismo” ? Mas no entanto, constantemente fechamos os olhos à destruição causada pelos israelitas com resultado de centenas de mortos, cuja definição torna-se “danos colaterais” ao passo que, acusamos de imoralidade aos atentados islâmicos...Que moral têm os israelitas...?

Deixemos-nos de ser hipócritas, para Hipocrisia Massiva há a mentalidade norte-americana, Lembram-se da invasão russa (na altura soviética) no Afeganistão ? Em que os americanos diziam que os atentados afegãos eram uma resposta necessária à invasão comunista ? E que até realizaram o Rambo 3, em que o herói americano, com a ajuda de um afegão, dá uma coça aos soviéticos ? Mas agora...? Os atentados deixaram de serem resposta necessária ?

De facto há muito para dizer... há muito para discutir mas também há muita necessidade de haver transparência, justiça e sobretudo PAZ. O ser humano tem a capacidade de ser racional...mas o interesse está acima da Humanidade., isto é racional ?

Acabo por pedir desculpa por opiniões mal dadas ou mal-entendidas mas certamente sinto-me cúmplice de uma enorme hipocrisia que cega o bom-senso comum. Será que os valores morais são menos importantes que os valores materiais...?

Obrigado Salas por ter desvendado a “face oculta da Lua”, de facto só víamos um lado do conflito...

No comments: